Quais os tipos de alcoólatras: saiba aqui como funciona essa classificação

por Tauama de Moraes
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Você sabia? Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), cerca de 3% da população brasileira com mais de 15 anos é alcoólatra, o que representa mais de 4 milhões de indivíduos.

Pouca gente sabe, mas existe uma classificação de tipos de alcoólatras e aqui nós vamos falar sobre cada um deles.

Neste post, vamos explorar os tipos de alcoólatras, segundo a classificação de estudos amplamente utilizados, e como cada perfil pode apresentar características únicas.  Acompanhe!

O que é alcoolismo?

O alcoolismo, também conhecido como etilismo, é uma doença caracterizada pela dependência física e emocional do álcool. 

Os alcoólatras têm dificuldade em controlar a ingestão da bebida e frequentemente desenvolvem tolerância, necessitando consumir quantidades cada vez maiores para obter os mesmos efeitos. Essa condição pode levar a sérios problemas de saúde física e mental, além de afetar relacionamentos pessoais e profissionais.

O álcool é muito consumido no Brasil, por pessoas de todas as idades e classes. Isso é um fato. Muitas vezes o consumo é incentivado por ciclos sociais, como também é considerado até parte da nossa cultura e comercializado abertamente, mesmo sendo uma droga bastante viciante. 

Esses e outros fatores, fazem do álcool capaz de tornar pessoas dependentes e incapazes de controlar o consumo, chamados alcoólatras.

Antes de falarmos sobre os tipos de alcoólatras, que inclusive, o termo correto é alcoolista, é importante conscientizar também sobre o que realmente é o alcoolismo. 

Ele é considerado pela OMS – Organização Mundial da Saúde, uma doença, que causa dependência emocional e física.

Agora, confira os tipos de alcoolistas:

Tipos de alcoólatras/alcoolistas

A classificação de alcoolistas por tipo não é, e não deve, ser utilizada para diagnosticar o alcoolismo, ou mesmo, para determinar a dependência ou não, na verdade, existe para ajudar nos estudos e pesquisas a respeito da doença.

Essa classificação foi elaborada a partir de pesquisa conduzida por três instituições americanas: o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), o National Institute of Health (NIH) e o National Epidemiological Survey on Alcohol and Related Conditions (NESARC).

A seguir, confira os detalhes de cada uma dessas categorias.

Antissocial

O alcoolista jovem antissocial começa a desenvolver a dependência logo cedo, podendo ser mesmo antes dos 20 anos, começando a experimentar álcool por volta dos 15. Esse tipo de alcoólatra representa 21,1% do total.

É muito comum que esse tipo de alcoolista possua traços de transtornos mentais, por exemplo, depressão, a própria personalidade antissocial e fobias. Além disso, normalmente costuma abusar de outras substâncias, como maconha, cocaína e cigarros.

Esse perfil normalmente não teve acesso a uma boa educação, consequentemente não tem um bom emprego. Em grande maioria são homens e mais dispostos a buscar tratamento, numa clínica de reabilitação ou recorrem a grupos de apoio.

Jovem adulto

O alcoolista jovem adulto inicia os problemas com álcool ao final da adolescência, entre 16 e 18 anos, porém apenas anos depois que a dependência se estabelece, entre 19 e 24 anos, começando, inclusive a afetar diversos aspectos da vida.

Além do alcoolismo, os jovens adultos, principalmente homens, têm mais probabilidade de manifestar outros problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e esquizofrenia.

Funcionais

Os alcoolistas funcionais são aqueles que se tornam dependentes por volta dos 30 anos, mas começaram a beber ainda jovens e estão na faixa dos 40.

Esse tipo de alcoolista pode sofrer depressão, mas apenas uma pequena taxa, e não são acometidos por outras doenças mentais. Em grande maioria são homens, com renda diversificada, mas que tiveram acesso à educação.

Crônico

Os alcoolistas crônicos começam a beber ainda enquanto adolescentes, mas desenvolvem a dependência por volta dos 30 anos. Além disso, mais da metade deles também possui parentes que sofrem com a dependência, cerca de 77% deles.

Além disso, muitos manifestam transtorno de personalidade, como depressão, transtorno bipolar e ansiedade, assim como bebem em menor quantidade, porém com mais frequência.

Embora apresentem muita vontade de parar de beber, muitas vezes não conseguem e, esse tipo principalmente, desenvolve complicações de saúde por causa do consumo de álcool.

Os alcoolistas crônicos também são o tipo que mais passam por problemas em família em decorrência do consumo da bebida.

Familiar intermediário

Os alcoolistas familiares intermediários são aqueles que possuem pessoas na família que sofrem de alcoolismo, iniciando o consumo na adolescência, mas desenvolvendo a dependência em torno dos 30.

Também possuem mais probabilidade de desenvolver transtornos de personalidade, como ansiedade, mas também fazem uso, normalmente, de outras drogas, como cigarro e maconha.

O grupo também é composto em maioria por homens, cerca de 64%, embora não tenham renda alta, trabalham e tiveram educação.

Leia também sobre o alcoolismo na terceira idade.

Fatores de risco para o alcoolismo

Muitos fatores podem levar a dependência de álcool, desde fatores genéticos a ambientais, por exemplo:

Fatores genéticos

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo, em Nova Iorque, concluiu que 40% a 60% dos fatores que influenciam o alcoolismo são relacionados a genética.

Isso quer dizer que quando vem de um histórico familiar com dependência de álcool, o indivíduo possui 50% mais chances de desenvolver a patologia.

Além disso, existem algumas maneiras diferentes da genética influenciar no desenvolvimento da dependência do alcoolismo:

  • Níveis anormais de serotonina
  • Uma pessoa com histórico genético de alcoolismo também pode ser mais resistente aos sinais de alerta, mental e físico, parecendo assim mais resistente
  • Amígdalas menores também podem ser um fator de predisposição, pois é uma parte aparentemente responsável por emoções e desejos.

Embora existam estudos que tratam do fator genético/hereditário para a dependência de álcool, a verdade é que existem centenas que podem influenciar na predisposição.

No entanto, a forma como alguém pode responder a esses genes, mas também aos fatores ambientais serão determinantes para o desenvolvimento do alcoolismo.

Fatores ambientais

Os fatores ambientais também são determinantes para o desenvolvimento da dependência alcoólica, por isso, vamos listar aqui:

  • Fácil acesso ao álcool
  • Exposição ao álcool e drogas logo cedo
  • Pressão de amigos para beber
  • Traumas e abuso na primeira infância
  • Falta de supervisão dos pais

Pessoas que sofrem de depressão e ansiedade também estão no grupo de risco, pois, embora cause relaxamento e pareça uma alternativa para fugir da realidade, a ligação entre eles é muito forte.

Quem possui depressão tem mais chances de desenvolver a dependência, como também a dependência pode levar a depressão.

Quais são os perigos do alcoolismo?

A pesquisa da OPAS/OMS destaca diversos riscos associados ao consumo de álcool, além do alto percentual de mortes relacionadas ao uso nocivo dessa substância.

Por exemplo, o alcoolismo está ligado a mais de 200 doenças e lesões e é responsável por 5,1% da carga global de doenças, medida em Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (DALY – Disability Adjusted Life Years).

Entre jovens de 20 a 39 anos, 13,5% das mortes têm o álcool como causa. O consumo também está associado a transtornos mentais, doenças crônicas e lesões, além de elevar o risco de doenças infecciosas, como tuberculose e HIV/AIDS.

Além dos impactos na saúde, o alcoolismo gera grandes perdas sociais e econômicas. É um problema grave que demanda ações de prevenção e tratamento, além de uma compreensão profunda de seus efeitos no organismo. 

Aliás, vale destacar que o álcool é uma droga classificada como depressora do sistema nervoso central. Isso quer dizer que dá uma sensação de relaxamento, causando efeitos como sonolência, perda de memória e problemas de atenção.

Veja também – Efeitos do álcool a longo prazo : quais problemas o consumo excessivo pode gerar no futuro

Como identificar os primeiros sinais de alcoolismo

Tomar uma cervejinha na sexta-feira depois do expediente, um drink numa saída com os amigos ou no almoço de domingo da família é muito normal. No entanto, quando o consumo passa dos limites e a vontade de consumir álcool é descontrolada, pode ser um sinal de dependência.

Abaixo, exploramos alguns dos principais indicativos de que o uso de álcool está se tornando problemático:

Compulsão pela bebida

Um dos primeiros sinais de dependência é a compulsão incontrolável por beber. Essa sensação de “precisar” do álcool vai além do simples desejo de consumo; torna-se uma necessidade constante. 

Essa urgência de beber é um dos primeiros indicativos de que a relação com o álcool está se tornando mais do que apenas social.

Dificuldade em controlar o consumo

Outro sinal de alerta é a perda de controle sobre o consumo de álcool. Inicialmente, pode parecer que a pessoa consegue parar quando quiser, mas, com o tempo, beber sem limites torna-se um padrão. 

Essa dificuldade de controlar a quantidade consumida — especialmente em situações onde a pessoa se compromete a “parar no próximo copo” — é um alerta de que o álcool está ganhando uma posição dominante em sua vida.

Isolamento social

Pessoas que estão começando a desenvolver dependência alcoólica tendem a mudar seu comportamento social. Em vez de beber em grupo ou em ocasiões sociais, elas podem começar a beber sozinhas, evitando a interação com amigos e familiares.

Este comportamento de isolamento é um reflexo do desejo de beber sem ser questionado ou confrontado, mostrando que o álcool está se tornando uma prioridade sobre outras relações e atividades sociais.

Sintomas de abstinência

Quando alguém tenta diminuir ou interromper o consumo de álcool, é comum que surjam sintomas de abstinência. Esses sintomas incluem tremores, ansiedade intensa, sudorese excessiva e, em casos mais graves, até mesmo convulsões. 

A presença desses sinais demonstra que o corpo já está “adaptado” ao álcool e reage de forma negativa à sua ausência, o que indica uma dependência estabelecida.

Mudanças comportamentais

Comportamentos agressivos, irritabilidade ou atitudes defensivas ao ser confrontado sobre o consumo de álcool são comuns em quem está desenvolvendo uma dependência.

Algumas pessoas começam a esconder evidências do uso de álcool para evitar confrontos com amigos e familiares. Essas mudanças comportamentais podem afastar aqueles ao redor e criar um ciclo de isolamento, onde a pessoa se sente cada vez mais solitária e busca o álcool como forma de “alívio”.

Diminuição do desempenho em atividades diárias

Outro sinal preocupante é a queda no desempenho em atividades diárias, como trabalho, estudos ou tarefas domésticas. A concentração e o comprometimento com as responsabilidades diminuem à medida que o foco se volta cada vez mais para o consumo de álcool. 

Esse declínio no desempenho pode levar a problemas maiores, como dificuldades financeiras e até perda de emprego, ampliando as consequências 

Alterações no humor

Mudanças de humor frequentes são um dos sintomas mais perceptíveis no início da dependência do álcool.

A pessoa pode sentir ansiedade, irritabilidade ou até mesmo depressão, especialmente nos períodos em que não está bebendo.

Quando alguém apresenta esses sinais simultaneamente, existem grandes chances de estar desenvolvendo ou já ter desenvolvido o alcoolismo.

Além desses sinais também existe a possibilidade de trocar a comida pelo álcool, mas nesse caso, pode se tratar de anorexia alcoólica ou drunkorexia.

Como ajudar um alcoolista?

Agora que você sabe quais são os tipos de alcoolista, fatores de risco, efeitos no organismo e sinais, chega a hora de saber como ajudar. Aqui vão algumas dicas importantes:

Busque saber mais sobre o alcoolismo

Como você viu, o alcoolismo é uma doença, portanto, deve ser tratada como tal. Muitas pessoas, inclusive, familiares ficam com raiva e perdem a paciência porque acreditam ser uma escolha ou aspecto de caráter, mas não é.

Aprender sobre isso fará você entender melhor o que acontece no ambiente familiar e tratar os problemas com mais empatia, por isso, procure saber tudo sobre. Se está aqui, já é um ótimo sinal.

Converse abertamente

Faça com que o alcoolista entenda que tem um canal de comunicação aberto para falar do que sente, pois, assim ele se sentirá acolhido e sabe que pode contar com sua ajuda.

Façam atividades longe do que levava ao consumo

Buscar atividades, como exercício físico, danças ou esportes, crochê ou algo que funcione como um novo hobby pode ajudar, e muito.

No entanto, é preciso evitar qualquer tipo de estímulo ao álcool, como lugares onde outras pessoas consumam ou que o alcoolista consumia antes. Por exemplo, se a pessoa tomava cerveja sempre após o futebol, o esporte no mesmo local deve ser evitado.

Busque ajuda

Embora exista chance de conseguir se livrar do vício sozinho ou com a família, buscar ajuda profissional pode ser ainda mais efetivo.

O tratamento para dependência precisa de diversos cuidados e de áreas diferentes, pois depende muito da relação com o álcool e antigos hábitos de consumo.

Como é feito o tratamento para alcoolistas?

Conforme falamos anteriormente, os tipos de alcoolistas não são indicativos para diagnóstico. Na verdade, até mesmo o tratamento depende de diversos fatores.

Alguns fatores analisados aqui na Casa Despertar incluem uma compreensão mais profunda dos hábitos de consumo, por exemplo, a forma como a dependência influencia na vida do paciente, exames e questões relacionadas a saúde física e emocional, para só então indicar o melhor tratamento para o caso.

Depois de definido o tratamento ideal, entra a equipe multidisciplinar e completa, que aqui conta com profissionais, médicos, psiquiatras, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos, terapeutas, monitores e mais.

Tudo para garantir que cada paciente passe pelo tratamento com muita tranquilidade e que os objetivos sejam atingidos.

Além disso, aqui separamos o tratamento em três modalidades, leve, moderado e grave. Você pode ver completo como funciona aqui.

Em fevereiro, acontece o Dia Nacional de Combate as Drogas e ao Alcoolismo, uma data perfeita para ajudar alguém que precisa e buscar a cura.Entre em contato com a Casa Despertar e saiba mais sobre os tratamentos.

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2 respostas para “Quais os tipos de alcoólatras: saiba aqui como funciona essa classificação”

  1. Avatar Elizi disse:

    Adorei a explicação sobre o alcoolismo.
    Estou passando por momentos difíceis com meu marido
    Já faz dois meses que está internato.
    Mas a clínica onde se encontra não tem médico, piccolo psicóloga
    A “terapia” é do tipo, trabalho escrevo. Ele está com 59 anos e é a primeira vez que se interna

    • Avatar Tauama de Moraes disse:

      Olá, Elizi! Tudo bem? Caso desconfie que a clínica possui funcionamento duvidoso, entre em contato com as autoridades para poderem averiguar a situação. Espero que fique tudo bem.

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  • Avatar Elizi disse:

    Adorei a explicação sobre o alcoolismo.
    Estou passando por momentos difíceis com meu marido
    Já faz dois meses que está internato.
    Mas a clínica onde se encontra não tem médico, piccolo psicóloga
    A “terapia” é do tipo, trabalho escrevo. Ele está com 59 anos e é a primeira vez que se interna

    • Avatar Tauama de Moraes disse:

      Olá, Elizi! Tudo bem? Caso desconfie que a clínica possui funcionamento duvidoso, entre em contato com as autoridades para poderem averiguar a situação. Espero que fique tudo bem.

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