Ansiedade e depressão, qual a relação com o uso de drogas?

por Tauama de Moraes
CRP 11 - 07100

O Brasil tem a população mais ansiosa do mundo. Cerca de 10% da população brasileira sofre de ansiedade, sendo o Brasil o país com o maior índice no mundo. A depressão também não fica atrás, cerca de 11,3% da nossa população tem diagnostico do transtorno, segundo pesquisa da Vigitel. Mas você sabia que esses transtornos estão muito ligados ao uso de drogas? Veja até o final deste artigo e descubra como.

O que é a ansiedade? 

A ansiedade é uma reação comum em situações de dúvida, medo ou que gerem expectativa. No entanto, quando acontece de maneira excessiva pode se tratar de um transtorno mental. 

Quando se tem ansiedade diante de problemas ou expectativas reais, como uma entrevista de emprego, antes do resultado de uma prova, uma cirurgia ou o nascimento de um filho, ela é completamente normal, uma espécie de reação de preparo do nosso organismo para o que virá.

Nesse caso, mesmo que a pessoa não consiga superar o “desafio” a ansiedade favorece a adaptação às novas situações.

No entanto, quando a ansiedade começa a vir de forma desproporcional aos acontecimentos, pode se tornar um “Transtorno de Ansiedade Generalizada”, considerada um transtorno mental.

A TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) tem como característica a expectativa apreensiva ou preocupação excessiva, difícil de controlar e persistente, durando seis meses, no mínimo. 

Ela pode vir seguida de irritabilidade, perturbação do sono, inquietação, tensão muscular e dificuldade de concentração. Pode afetar pessoas de qualquer idade, do nascimento a velhice.

O abuso de drogas pode levar a pessoa a sofrer de ansiedade, assim como, ter ansiedade pode fazer com que o indivíduo passe a usar drogas e desenvolver a dependência.

Sintomas de ansiedade

  • Tensão e nervosismo constantes
  • Sensação de que algo ruim está para acontecer
  • Preocupação excessiva e difícil de controlar
  • Criar situações que podem trazer coisas ruins em sua cabeça, mesmo sem indícios reais 
  • Pensamentos descontrolados e constantes sobre problemas
  • Tensão muscular, como mandíbula apertada e músculos enrijecidos
  • Irritabilidade
  • Problemas de digestão, como dor de barriga e no estômago e falta de apetite ou comer em excesso
  • Sentir medo de eventos sociais, se preocupando excessivamente com a ida em uma comemoração ou situação, por exemplo, gerando inclusive ansiedade posterior, pensando sobre o que pode ter feito de errado
  • Insônia
  • Agitação nos membros superiores e inferiores. 

O que é a depressão?

A depressão é uma doença psiquiátrica, caracterizada pela alteração de humor, incluindo profunda tristeza, que não acaba e está associada com sentimentos de amargura, dor, desesperança, desencanto e baixa autoestima.

Também ligada a culpa, distúrbio de apetite e sono. Digamos que as pessoas normais passam por situações ruins, ficam tristes e sofrem, mas em algum momento acabam superando.

No entanto, quando a pessoa tem depressão, a tristeza não tem fim, mesmo que não aconteça nenhuma situação específica para que ela tenha iniciado.

A pessoa depressiva fica deprimida por semanas seguidas, perde o interesse pelas atividades que antes considerava prazerosa e não vê esperança de sair da situação.

Dentre as causas da depressão estão o uso de drogas lícitas, como o álcool, por exemplo, e drogas ilícitas, como a cocaína.

Sintomas da depressão

  • Apatia
  • Dificuldade de concentração
  • Insônia
  • Falta de energia
  • Ansiedade
  • Perda de interesse pelos hobbies e atividades que adorava antes
  • Esquecimento
  • Irritabilidade
  • Pessimismo ao extremo
  • Aumento ou perda de apetite
  • Indecisão.

Como diferenciar a tristeza da depressão?

 A depressão dura mais tempo que a tristeza, portanto, se o sentimento for profundo e contínuo, durando mais de duas semanas pode ser um alerta

A tristeza, normalmente, acontece por um motivo, mas a depressão não

Mesmo se algo muito bom acontecer no período da depressão, a tristeza não passará

Quando se tem apenas a tristeza, geralmente a pessoa pensa muito sobre a razão desse sentimento, afinal o desanimo tem uma razão. Já a depressão não traz esses pensamentos

Pensamentos, ideações e planejamentos suicidas podem ocorrer durante a depressão

Qual a diferença entre ansiedade e depressão?

Aqui você já viu os detalhes de cada uma, mas é preciso entender qual a diferença. 

Os dois transtornos mentais afetam a qualidade de vida, tiram o prazer de atividades e tem como sintoma o isolamento social.

A principal diferença entre os dois transtornos é que enquanto a ansiedade causa angústia e medo pelo que pode acontecer, a depressão é uma tristeza, desinteresse e motivação para o que antes era considerado prazeroso.

De toda forma, tanto a ansiedade pode ser um fator de risco para a depressão, quanto a depressão pode ser um fator de risco para a ansiedade. Além disso, isso também acontece entre os dois transtornos e a dependência química.

Mas afinal, qual a relação da ansiedade e da depressão com as drogas?

Como já falamos diversas vezes em nossos textos, em muitas situações, as pessoas iniciam o uso de drogas para fugir ou lidar com situações e sentimentos.

Assim, as pessoas consomem as drogas para não passar por situações de estresse ou tristeza e isso acaba agravando ou trazendo alguns problemas, como a ansiedade e a depressão.  

Vários estudos tratam da relação entre drogas e doenças mentais, principalmente se você observar os efeitos, vamos dar alguns exemplos.

Cocaína

No caso da cocaína, pode induzir o indivíduo a ataques de pânico no uso, já em processo de abstinência, um dos efeitos colaterais é a ansiedade severa.

Vale lembrar que a cocaína é uma droga estimulante, ou seja, aumenta a atividade no cérebro. Esse efeito faz com que o usuário fique em alerta, com mais disposição e até mais resistente.

No entanto, quando o efeito da droga passa, pode gerar cansaço e indisposição, resultantes da sobrecarga no organismo devido o uso.

Algumas pesquisas também tratam de que a cocaína e a anfetamina podem induzir a depressão e ansiedades severas.

Álcool

O álcool age como depressor de humor, aumentando inclusive o risco de suicídio. Segundo uma pesquisa realizada na USP, após analisarem 1700 pessoas que tiraram a própria vida, em São Paulo, nos anos de 2011 e 2015,  30,2% do total possuía algum teor alcoólico no sangue.

Além disso, durante a abstinência de álcool, o indivíduo tem sintomas parecidos com os da depressão, como tristeza e letargia.

Maconha

Acredite, a depressão é comum em pessoas que usam essa droga, principalmente quando começam a usar desde cedo.

O Instituto Nacional de Abuso de Drogas (Nida), fez uma análise em mais de 280 mil jovens com idade entre 18 e 35 anos, e concluiu que usar maconha, haxixe e derivados da cannabis, se associa a planos, pensamentos e tentativas de suicídio.

Até mesmo a maconha, que é uma droga relaxante, pode parecer boa para consumir para aliviar o estresse e ansiedade, no entanto, um estudo realizado pela Washington State University sugere que a longo prazo o consumo pode piorar as sensações de depressão.

Ecstasy

O ecstasy também induz a ansiedade, pânico, euforia, humor deprimido, fadiga mental, dificuldade de memória e despersonalização quando tomado em doses excessivas.

Outra ligação ocorrida com o uso de substâncias químicas está os efeitos das drogas, justamente porque algumas delas tem efeito de depressor do humor,  o álcool, por exemplo.

Outro detalhe importante é que além das drogas poderem causar ou agravar as doenças, ele também pode retardar o tratamento de ambas.

A depressão e ansiedade estão diretamente relacionadas ao uso de substâncias, o vício pode levar as duas doenças e as duas doenças podem levar ao vício. Por isso, é necessário ter muito cuidado.

Assim, os problemas podem ser multiplicados para o dependente e para a família.

Fatores de risco para ansiedade e depressão

Uso de drogas

O uso de substâncias químicas, como álcool, opioides, dentre outras drogas, também pode causar ansiedade e depressão. 

Algumas substâncias podem causar sintomas de depressão, chamada de depressão induzida, mas também a longo prazo alteram neurotransmissores importantes no cérebro.

Genética

A genética pode ser bastante significativa em casos de transtornos mentais, onde pessoas com familiares próximos, como um irmão ou mãe com depressão, possuem bem mais chances de desenvolverem o transtorno do que pessoas sem esse histórico.

Segundo um estudo publicado na Nacional Center for Biotechnology Information, pode apresentar um risco de 2 a 3 vezes maior.

Traumas na infância

Abusos e traumas, principalmente na primeira infância, também podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da depressão. 

Um estudo publicado na Livraria Nacional de Medicina, nos EUA, também demonstra que adultos com transtorno de depressão (62,5%) tiveram traumas na infância, com cerca de mais de dois eventos.

Personalidade

Os traços da personalidade de uma pessoa também podem deixá-la mais suscetível a depressão. Alguns traços que podem estar ligados são: neuroticismo, baixa autoestima e pessimismo. 

Estresse crônico

 O estresse convencional pode agir como um motivador, mas quando ele acontece de maneira crônica acaba causando hiperatividade do eixo HPA, uma parte do cérebro essencial na forma como o corpo age com o estresse.

Quando essa disfunção acontece constantemente, pode causar muitos problemas de saúde, inclusive a depressão, ocorrendo em 70% dos casos.

Tratamento de dependentes químicos com depressão ou ansiedade

Pacientes que possuem depressão e dependência química ou outra comorbidade precisa de tratamento especifico e direcionado. 

Normalmente para tratamento de dependência química é necessário compreender a origem de tudo. 

Muitas vezes o gatilho é o mesmo para a dependência e para a ansiedade e depressão.

Antes de iniciar o tratamento, o paciente é acolhido e submetido a uma avaliação psiquiátrica de suma importância para o diagnóstico mental e para identificação de possíveis variáveis, para que assim o tratamento seja mais efetivo.

No atendimento, o profissional busca compreender qual a relação do dependente com as drogas, quais são seus padrões mentais de comportamento e qual a sua compreensão sobre o vício e sobre os fatores que o influenciam.

Depois da compreensão de todos os aspectos, como também da análise da situação mental do paciente e da sua relação com as drogas, o tratamento é indicado.

 O tratamento é personalizado e passa por um período inicial, com as fases de desintoxicação, conscientização e reinserção social. O tratamento deve seguir conforme evolução do paciente.

Para a maioria dos tratamentos, é necessária a internação do paciente, no entanto, apenas o profissional, baseado na análise psiquiátrica, poderá indicar o tratamento correto para o dependente.

Assim, as pessoas com depressão e ansiedade estão mais sujeitas a se tornarem dependentes químicos e dependentes químicos também estão mais propensos a adquirir outros transtornos mentais, como depressão e ansiedade.

Você é um dependente ou tem um dependente na família? A Casa Despertar é especializada e pode te ajudar com isso, entre em contato conosco.

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Uma resposta para “Ansiedade e depressão, qual a relação com o uso de drogas?”

  1. Avatar Sabrina disse:

    Meu Deus é fiel.
    O senhor é meu pastor e nd mim faltara

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  • Avatar Sabrina disse:

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