Vício em jogos de azar: isso existe ou é mentira que inventaram? Descubra aqui

por Tauama de Moraes
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Você sabia que as pessoas podem se viciar em jogos de azar? Para alguns é apenas um mito, uma desculpa para justificar perdas financeiras. Para outros, é uma realidade sombria que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Por isso, estar ciente das consequências que esse problema pode gerar é de extrema importância, pois dessa forma, fica mais fácil evitar o vício ou impedir que entes queridos seus acabem se afundando nessa triste realidade.

Vicio em jogos de azar não é só trama de novela, é uma dependência real e precisa ser discutida e desmitificada. Neste post, vamos explorar a verdade por trás desse vício, suas causas, impactos e como identificar caso alguém esteja passando por esse problema. Boa leitura!

O que são jogos de azar?

Resumidamente, os jogos de azar são aqueles em que precisa contar com a sorte para ganhar. Alguns exemplos são: máquinas caça niqueis, jogos eletrônicos, bingo e com carta de baralho.

Qualquer jogo que não envolva habilidades próprias para ganhar e sim sorte, por exemplo, receber a carta certa, a pedra certa ser chamada ou a aleatoriedade de uma máquina, é considerado jogo de azar. Isso pode variar desde cassinos até apostas em esportes e loterias.

Por que jogos de azar viciam?

Se você já participou de algum jogo, deve se lembrar da emoção que sentiu enquanto esperava a carta ser recebida e a euforia de ganhar. O quanto se sentiu bem por ser agraciado com um pouco de sorte naquele momento.

A essência desses jogos reside na incerteza do desfecho, que não pode ser predito com base em habilidade ou estratégia previsível. Os jogadores participam apostando dinheiro ou bens em uma tentativa de obter ganhos com base no resultado incerto.

Essa imprevisibilidade é o que atrai muitas pessoas para os jogos de azar. A emoção de arriscar algo valioso na esperança de um retorno substancial cria uma experiência estimulante e, muitas vezes, viciante para alguns.

No entanto, é importante reconhecer os riscos associados aos jogos de azar, especialmente quando eles se tornam uma fonte de problemas financeiros ou de saúde mental. 

Aqui na Casa Despertar já falamos muitas vezes sobre como a dependência funciona no nosso organismo. Com os jogos podem acontecer a mesma coisa, afinal, com menor intensidade, ou não, o mesmo sistema é ativado nessas liberações de prazer.

Nosso corpo, normalmente, consegue controlar e se regular nesses picos de liberação de hormônios, por exemplo, cortisol e adrenalina, liberando substâncias como citocina e dopamina. Assim, sendo capaz de sair de um estado ruim para um estado de saúde.

Imagine que uma pessoa fica muito tensa e estressada esperando o resultado do jogo (adrenalina e cortisol), então quando ela recebe o resultado de que ganhou, ou mesmo, quando perde, as substâncias (dopamina e citocina) são liberadas pelas emoções ou para controlar essa alta liberação.

Imagine que o seu corpo pensa:

“Se eu consigo ter essa sensação jogando e me sinto melhor, vou jogar mais.”

A discussão por trás dos jogos de azar

Esse tipo de jogo tem sido alvo de debates e controvérsias ao longo dos anos. Enquanto alguns os veem como formas legítimas de entretenimento e até mesmo como uma oportunidade de ganhar dinheiro, outros consideram mais que as consequências podem ser prejudiciais e devastadoras, como o vício.

A regulamentação dos jogos de azar varia de acordo com a legislação de cada país e muitas vezes reflete as opiniões e valores da sociedade em relação ao jogo.

É fundamental entender que, embora os jogos de azar possam proporcionar momentos de diversão e entretenimento, eles também apresentam riscos significativos. 

A dependência do jogo, os problemas financeiros e os impactos negativos nas relações pessoais são apenas algumas das possíveis consequências adversas associadas a esse tipo de atividade.

Portanto, é essencial abordar a questão dos jogos de azar com responsabilidade e estar ciente dos limites pessoais para evitar complicações indesejadas.

Dependência em jogos de azar

Muitas pessoas não pensam sobre dependência de jogos, já que a dependência química é muito mais avassaladora na sociedade, afinal vemos nas ruas e avenidas da maioria das cidades.

Além disso, não é muito comum que as pessoas saibam que esses jogos podem viciar, ou mesmo, que achem que aquele amigo que joga quase todos os dias não tem vivido nada de mais. Afinal, esses jogos são jogados para diversão.

No entanto, o vício em jogos de azar é sim algo a se preocupar.

Embora em quantidade bem menor do que a dependência química, a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou o jogo compulsivo como uma doença, ao lado da dependência de álcool. Chama-se Transtorno do jogo.

Como saber se é vício ou diversão?

O principal sinal apresentado em uma pessoa viciada nesses jogos é o descontrole sobre o impulso de apostar. Normalmente, também pode dizer que nunca mais apostará, mas no dia seguinte estará lá de novo.

A Universidade de São Paulo (USP) fez um levantamento no departamento de psiquiatria e o Brasil possui uma média de 2 milhões de viciados em jogos, cerca de 1% da população.

Se uma pessoa diz que não vai apostar, mas volta para casa sem o dinheiro do salário e no outro dia pede dinheiro emprestado para jogar novamente, na esperança de recuperar, é importante ficar atento.

Sinais de comportamento obsessivo em relação aos jogos, como passar longos períodos jogando, mesmo em detrimento da saúde, do trabalho ou dos relacionamentos, são indicativos. Mudanças significativas no comportamento, humor ou personalidade, especialmente quando associadas a períodos de jogo ou após perdas financeiras, também podem ter sinais.

A resistência em reconhecer ou admitir o impacto negativo dos jogos de azar na vida pessoal e nas relações também é comum. Além das tentativas desesperadas de recuperar as perdas anteriores, mesmo que isso signifique mais apostas arriscadas, podem indicar um problema grave.

É importante abordar com compaixão e apoio qualquer sinal de vício em jogos. Encorajar a busca por ajuda profissional e oferecer apoio emocional são passos importantes para ajudar alguém a superar o vício em jogos e recuperar o controle da sua vida.

Em “A Força do Querer”, uma novela da Globo, que foi ao ar em 2017 e retornou em 2021 para uma reprise, é retratado muito bem o que acontece.

A personagem da novela não acha que é viciada, acha que joga por prazer, mas se vê entrando em várias situações, até mesmo de perigo.

Uma coisa que é preciso ficar atento com os jogos de azar é que nem sempre esses locais possuem licença para funcionar e podem ser perigosos.

Ao identificar esses comportamentos, fique de olho:

  • Mentiras são constantes, principalmente, quando a família critica o comportamento
  • Problemas financeiros
  • Afastamento de familiares e amigos que não compartilham a paixão pelos jogos
  • Não honra os compromissos familiares, sociais ou profissionais
  • Passa a não ter mais cuidado com saúde e higiene
  • Sono desregulado

O que motiva o vício em jogos?

Os homens às vezes começam a jogar muito cedo, na adolescência, por exemplo, com jogo de cartas ou sinuca. Com o passar do tempo, alguns perdem o controle e ficam viciados. As mulheres, no entanto, costumam começar a jogar para escapar de algo, situações desconfortáveis, por exemplo.

A maioria dos viciados em jogos são homens, com uma média de dois homens para uma mulher.

Além disso, o vício em jogos de azar pode ser motivado por uma variedade de fatores psicológicos, biológicos e sociais. Por exemplo:

Alívio do estresse

Para algumas pessoas, os jogos de azar proporcionam uma forma de escapar dos problemas e do estresse da vida cotidiana. O ambiente de jogo pode oferecer uma distração temporária e uma fuga dos desafios emocionais e sociais.

Emoção e excitação

A incerteza e emoção associadas aos jogos de azar podem ser extremamente estimulantes. Para alguns, a emoção de ganhar ou perder pode ser viciante, criando uma busca constante por mais emoção e adrenalina.

Fatores biológicos

Algumas pesquisas sugerem que certas características biológicas e predisposições genéticas podem aumentar a vulnerabilidade ao vício em drogas. Mudanças na estrutura química do cérebro podem também desempenhar um papel na forma como as pessoas respondem aos estímulos dos jogos de azar.

Fatores psicológicos 

Questões psicológicas, como baixa autoestima, depressão, ansiedade e solidão, podem tornar uma pessoa mais vulnerável ao vício em jogos. Além disso, influências sociais, como a cultura do jogo e a pressão dos pares, também pode desempenhar um papel significativo.

Todos esses fatores combinados podem criar um ciclo vicioso em que a pessoa busca continuamente a gratificação instantânea e a emoção dos jogos de azar, mesmo quando isso leva a consequências negativas em sua vida pessoal, financeira e social.

Como tratar o vício em jogos de azar?

O tratamento pode ser bem parecido com o para dependência química, pois também envolve atendimento médico, psicoterapia, medicação e internação, por exemplo.

Isso vai depender da primeira avaliação feita por profissionais e dos hábitos de comportamento.

Além da terapia individual ou em grupo, o suporte psicológico e emocional desempenha um papel crucial no tratamento do vício em jogos. Os indivíduos podem se beneficiar do apoio de familiares, amigos e grupos de ajuda mútua, como jogadores anônimos, onde encontram compreensão, incentivo e camaradagem durante o processo de recuperação.

Aliás, medicamentos também podem ser prescritos em caso de depressão, ansiedade ou outros transtornos de saúde mental associados ao vício em jogos, ajudando a estabilizar o humor e reduzir sintomas psicológicos.

Dicas para ajudar um viciado em jogos de azar

  • Fale com a pessoa, puxando assunto sobre os maus hábitos e converse sobre a ajuda profissional
  • Não faça julgamentos, precisamos relembrar que é uma doença e que não é possível controlar
  • Você deve ajudar, mas também não deve confiar que ela consiga enfrentar isso sozinha, acompanhe para a melhora acontecer
  • Não acredite que a pessoa vai melhorar rápido, pois costuma levar tempo e muitas vezes pode não ter cura, mas apenas controle
  • Dinheiro na mão dele tem tudo para ser vendaval, portanto, só confie quando o vício for superado.

Assim como qualquer dependência, é preciso ter bastante cuidado e aprender a lidar com as situações, mas o que você precisa lembrar sempre é que deve ajudar.

Não devemos desistir das pessoas que amamos, afinal, pode ter uma saída. Quanto mais abandonada a pessoa for, mais chances da história acabar mal.

Confira também nosso post sobre alcoolismo.

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