Relação entre suicídio e dependência química

por Tauama de Moraes
CRP 11 - 07100

O suicídio é um problema de saúde pública. No Brasil, cerca de 12 mil suicídios são registrados ao ano. Dessa forma, são necessárias iniciativas que chamem a atenção da sociedade e do governo para essa questão.

Setembro amarelo 

A campanha Setembro Amarelo, organizada desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceira com o Conselho Federal de Medicina, surgiu por conta disso.

Ela se configura como um conjunto de ações que visam prevenir o suicídio e promover a saúde mental.

Comportamento suicida 

O comportamento suicida é compreendido como um grupo de atitudes, que vai desde desejar a própria morte, pensar em se matar, realizar auto agressões (independente da letalidade), planejar o ato suicida, até a tentativa de suicídio e o suicídio consumado.

Cerca de 90% das tentativas de suicídio está relacionada a transtornos psiquiátricos, como: transtornos psicóticos (por exemplo: esquizofrenia), depressão, transtorno bipolar e transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas (dependência química).

As pessoas que abusam de álcool e outras substâncias tentam suicídio 6 vezes mais do que a população em geral. 

O índice de suicídio entre os adictos é de 2 a 3 vezes maior do que entre os não adictos.

Entre as mulheres, o uso de substâncias aumenta o risco de suicídio de 6,5 a 9 vezes quando comparadas com as mulheres não dependentes químicas.

Na maioria dos casos, os usuários de substâncias tentam suicídio por overdose de drogas ou pela combinação de drogas com medicações, enquanto que em poucos casos a maneira de tentar suicídio não é diretamente ligada às drogas.

Fatores de risco para o suicídio 

Existem vários fatores de risco para suicídio na população em geral, mas que também se aplicam para os dependentes químicos. 

Por exemplo:

Idade mais avançada com uso prolongado de substâncias;

Tentativas prévias de suicídio;

Transtornos do humor associados (principalmente depressão) e;

Traços de personalidade, tais como impulsividade e baixa tolerância à frustração.

Relação entre dependência química e suicídio 

Os dependentes químicos que iniciam tratamento merecem atenção especial, pois, em geral, estão se sentindo muito tristes e arrependidos, sofrendo as consequências da própria dependência, como o término de relacionamentos, demissão do emprego, problemas financeiros e de saúde, o que leva a culpa e a baixa autoestima. 

É o que muitos pacientes chamam de “estar no fundo do poço”. 

Essa situação é muito motivadora da busca pelo tratamento (por exemplo: a internação voluntária), mas é também um momento muito particular, de instabilidade emocional, em que há um alto risco de suicídio.

Por isso, é importante a abordagem por uma equipe multidisciplinar especializada em saúde mental e com experiência em dependência química para o melhor cuidado desses pacientes.

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Referências

DIEHL, Alessandra. Suicídio e Dependência Química. In: DIEHL, Alessandra; CORDEIRO, Daniel Cruz; LARANJEIRA, Ronaldo. Dependência Química: Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas. 1ª edição. Porto Alegre : Artmed, 2011, p 444-452.

Dragisic T, Dickov A, Dickov V, Mijatovic V. Drug Addiction as Risk for Suicide Attempts. Mater Sociomed. 2015;27(3):188–191. doi:10.5455/msm.2015.27.188-191

Yuodelis-Flores, C; Ries, R. Addiction and Suicide: A Review. The American Journal on Addictions, XX: 1–7, 2015 ISSN: 1055-0496 print / 1521-0391 online DOI: 10.1111/j.1521-0391.2015.12185.x

Site: setembroamarelo.com

Autora:

Larissa Lauriano Sales
Médica Psiquiatra
CRM 17886

Fatores da dependência química que podem levar ao suicídio

Além disso, a relação entre dependência química e suicídio envolve vários fatores que interagem de maneira diversa. Por exemplo:

Impulsividade

O uso de substâncias pode aumentar a impulsividade, o que, por sua vez, está associado a um maior risco de comportamentos suicidas.

Isolamento social

A dependência química pode levar ao isolamento social (em casos onde o indivíduo não busca ajuda), contribuindo para a sensação de solidão e falta de apoio, fatores que aumentam o risco de suicídio.

Efeito da substância

Alguns tipos de substâncias, em especial, depressores do sistema nervoso central, podem intensificar sentimentos depressivos e aumentar a vulnerabilidade emocional.

Histórico de traumas

Muitas pessoas que desenvolvem dependência química têm histórico de traumas, e isso pode ser um fator adicional que contribui para o risco de suicídio.

Recaídas e frustrações

As recaídas no uso de substâncias pode ser fonte de intensa frustração e desespero, aumentando o risco de ideação suicida.

De acordo com o Ministério da Saúde, a OMS registra mais de 700 mil suicídios anualmente, além disso, enquanto as taxas mundiais diminuem, as da região das Américas só aumenta. Entre os anos de 2000 e 2019, a taxa global diminuiu em 36%, enquanto que, no mesmo período, nas Américas, aumentou em 17%.

Isso afeta, principalmente, jovens de 15 a 29 anos, sendo o suicídio a quarta causa de morte mais recorrente.

Além disso, segundo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo Silva, o consumo de álcool e substâncias psicoativas na adolescência possui uma relação direta com casos de suicídio entre jovens.

Como ajudar um ente querido com esses problemas

Quando alguém próximo está passando por essas dificuldades, é normal querer ajudar essa pessoa de todas as formas que pudermos. Por isso, confira aqui algumas maneiras de auxiliar alguém passando por esses problemas:

Abertura para conversa

Escolha um momento adequado e um local tranquilo para conversar. Abra um diálogo honesto e compreensivo, expressando preocupação e oferecendo apoio. Evite julgamentos e seja ouvinte.

Incentive a buscar ajuda profissional

Encoraje seu ente querido a procurar ajuda profissional. Isso pode incluir psicólogos, psiquiatras, terapeutas ou profissionais especializados em tratamento de dependência.

Criação de rede de apoio

Incentive a construção de uma rede de apoio com amigos, familiares e profissionais de saúde. O apoio social é crucial.

No geral, os fatores de risco para o suicídio são variados e complexos, podendo envolver questões biológicas, genéticas e psicológicas, sociais e ambientais. 

Quando se trata de pessoas com problemas de dependência química, esses fatores podem interagir de maneira significativa, aumentando o risco de pensamentos suicidas e comportamentos autodestrutivos.

É essencial abordar tanto a dependência química quanto os fatores de risco associados ao suicídio de maneira integrada. 

Oferecer tratamento especializado, apoio emocional, reduzir o estigma e promover a conscientização sobre saúde mental são passos importantes para prevenir o suicídio em indivíduos com problemas de dependência química. 

Como o setembro amarelo pode ajudar

Durante o setembro amarelo, são realizadas diversas ações, como palestras, eventos, distribuição de materiais informativos e campanhas nas redes sociais, visando informar e educar a população sobre os sinais de alerta, as formas de prevenção e os recursos disponíveis para quem precisa de ajuda.

É seguro dizer o quanto isso pode ajudar pessoas com problema de dependência química, pois a campanha faz ela entender que não está sozinha para enfrentar esse mal.

Além disso, a importância do setembro amarelo reside na criação de um ambiente propício para diálogos abertos sobre saúde mental, reduzindo o estigma associado ao tema e incentivando a empatia e a solidariedade. 

Ao promover a conscientização, a campanha contribui para salvar vidas, encorajando as pessoas a procurarem apoio e tratamento, e para construir uma sociedade mais compreensiva em relação às questões de saúde mental.

O motivo da escolha do mês se deve ao fato de dia 10 de setembro ser o Dia Mundial de Prevenção do suicídio.

E a cor amarela foi escolhida como símbolo da campanha representando a luz, a alegria e a vida. A iniciativa busca quebrar o tabu em torno do suicídio e das questões de saúde mental, encorajando as pessoas a falarem sobre seus sentimentos, buscarem ajuda quando necessário e oferecerem apoio a amigos, familiares e colegas.

Esteja atento a importância desse tema

A relação entre o suicídio e a dependência química é um tema sensível, porém crucial, que não pode ser deixado de lado. Por isso, em meio a essa realidade complexa, é necessário se aprofundar no tema e entender o que liga esses dois desafios significativos.

Neste post, oferecemos insights valiosos para promover uma reflexão conjunta sobre a importância da prevenção e do suporte em questões tão delicadas.

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