Dependência Química: Doença ou desvio de caráter?

por Tauama de Moraes
CRP 11 - 07100

Drogado, bêbado, viciado…! 

Infelizmente estes são os termos utilizados pela grande maioria da sociedade para definir um dependente químico. O fato é que essas pessoas, por maldade ou falta de informação, acabam utilizando essas palavras no dia a dia, de maneira bastante preconceituosa, esquecendo do fato de estarem diante de uma doença/distúrbio que vem a ser um grande problema de saúde púbica.

Também é bastante comum, ainda encontrarmos pessoas que acham que a dependência química se trata de uma escolha, falta de caráter, falta de religião e que todos aqueles que as usam podem parar no momento que quiserem.

O objetivo do artigo de hoje é justamente romper com o estigma de que dependente químico é aquele usuário de drogas que perdeu o rumo, por livre escolha e falta de caráter. Fique conosco!

O QUE É DEPENDÊNCIA QUÍMICA?

A dependência química é um transtorno mental caracterizado por um grupo de sinais e sintomas decorrentes do uso de drogas. Podemos citar como sinais e sintomas: a compulsão pelo uso da droga; sintomas de abstinência, necessidade de doses crescentes para atingir o mesmo efeito anterior; falta de controle sobre a quantidade do uso; abandono de outras atividades e manutenção do uso, mesmo tendo prejuízos evidentes causados pela droga.

Assim sendo, as pessoas que utilizam compulsivamente um dos tipos das mais diversas drogas existentes, devem ser diagnosticados com “dependência química”, termo este um tanto quanto recente desde a sua origem, afinal, foi apenas em 1964 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu o termo “dependência” para substituir os termos “vício” e habituação.

No decorrer do tempo, no ano de 1967, o termo “alcoolismo” foi inserido pela primeira vez no Código Internacional de Doenças (CID-8), passando a também integrar o rol de doenças que ensejam a dependência química. Vale ressaltar, que até então, não se entendiam as dependências como uma doença, mas sim como um desvio de caráter, falta de personalidade ou de força de vontade.

As drogas que mais possibilitam a dependência em nossa sociedade são o álcool, tabaco, cocaína e seus derivados, que vem aumentando de forma alarmante sua incidência nos últimos anos, sem nos esquecermos das medicações sedativas, os famosos “tarja preta”, cujo uso abusivo e sem prescrição médica também tem tornado muita gente dependente.

HÁBITO X DEPENDÊNCIA

O hábito ou costume consiste na frequência de se fazer algo ou consumir algum tipo de substância. O que diferencia o hábito da dependência é que a dependência sempre oferece efeitos de risco, além de tornar-se recorrente e excessivo.

Outra característica da dependência é a abstinência vivida na ausência do uso, podendo ser manifestada por angústia, apatia, depressão, sono, desorientação, delírios e, até mesmo, por alterações e dores físicas.

MAS COMO A DEPENDÊNCIA QUÍMICA ACONTECE?

São diversos os fatores que podem influenciar com que uma pessoa venha a fazer uso de drogas, exemplos como a curiosidade, influência de amigos ou necessidade de aceitação em algum grupo, falta de habilidade em lidar com problemas, perdas, dificuldades, tristezas, ganhos, alegrias e até mesmo o sucesso.

O consumo de drogas e álcool também está relacionado a cultura, estilo de vida, esporte, lugares que se frequenta, inclusive a relação com o trabalho promove o uso de álcool e muitas vezes drogas como cocaína, maconha e outras, em eventos, festas e confraternizações.

Também não podemos esquecer dos fatores genéticos, que influenciam diretamente, e que constam inclusive  como fator científico diagnosticado e comprovado por profissionais da área de pesquisa de doenças com influência genética.

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA É UMA DOENÇA E NÃO UM DESVIO DE CARÁTER

A dependência, seja ela qual for, não se desenvolve por simples escolha do adicto, mesmo porque ele não tem nenhum controle sobre este desenvolvimento, já que o uso continuado de qualquer substância psicoativa provoca uma modificação no funcionamento cerebral.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a dependência química como uma doença crônica progressiva, ou seja, que piora com o passar do tempo e que se não tratada pode gerar outras doenças, que inclusive possibilitam a morte do usuário.

POR QUE AS PESSOAS LIGAM DEPENDÊNCIA QUÍMICA A FALTA DE CARÁTER?

A principal razão para as pessoas confundirem a dependência química com mau cartismo é o desconhecimento sobre dependência.

Muitas pessoas se recusam a reconhecer que um dependente não consegue controlar seus atos, ou que realmente acontece essa mudança brusca de comportamento sem ser da vontade do usuário. 

Alguns acreditam que parar de usar drogas é uma questão de força de vontade, onde a pessoa poderia parar se realmente quisesse.

No entanto, quem tem um dependente químico na família consegue se lembrar bem de como a pessoa era antes do vício e o que ela se tornou.

Essas pessoas muitas vezes eram extrovertidas, animadas, adoravam conversar e participar de eventos da família, mas hoje já não têm o mesmo comportamento.

Nós também entendemos que pode ser difícil conviver com alguém que mudou tão drasticamente, afinal, são preocupações e dramas diários, nos quais as pessoas próximas precisam lidar.

Então as famílias podem viver estressadas, se sentindo preocupadas e muitas vezes, depois de tentar muitas coisas para salvar o dependente, se sentem tentadas a lavar as mãos.

COMO A FAMÍLIA PODE AJUDAR O DEPENDENTE?

A melhor coisa a fazer ao ter um dependente químico na família é aprender sobre a doença. Infelizmente, quanto mais ela avançar, mais será difícil conseguir reverter o caso.

Por isso, quando o dependente coloca a vida dele e de outras pessoas em risco e não reconhece que precisa de tratamento, chega a hora de optar pelo tratamento involuntário.

No entanto, se ele entende a situação em que se encontra, vale a pena conversar bastante e buscar tratamento. Assim como a maioria das doenças, quanto antes iniciar um tratamento, mais chances tem de se recuperar.

Infelizmente, a dependência química não tem cura, é um dia de cada vez.

COMPORTAMENTOS NEGATIVOS QUE PODEM SURGIR NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Conforme falamos acima, a dependência química é uma doença e não desvio de caráter. No entanto, alguns comportamentos negativos podem ser vistos com mais frequência, normalmente, enquanto o dependente químico busca meios de consumir a droga.

Manipulação de pessoas

As pessoas próximas podem ter a sensação de que o adicto tenta manipulá-las e isso pode ser até comum. Isso acontece porque o dependente em alguns momentos vai estar desesperado para consumir sua droga e precisa encontrar meios de sanar essa vontade. Para isso, ele pode mexer com o psicológico das pessoas ao redor para conseguir dinheiro ou objetos para vender, por exemplo.

Não reconhecimento da dependência

Em alguns momentos a pessoa pode se mostrar intolerante ao assunto, ou mesmo, a família. Isso acontece quando o dependente nega veementemente que passa por uma situação delicada, não reconhecendo que está em um nível avançado de dependência.

É muito comum de acontecer, afinal, é difícil se imaginar como um viciado e, normalmente, as pessoas próximas conseguem perceber, mas o dependente não. Muitos dependentes nunca reconhecem, inclusive, nem mesmo quando suas vidas correm perigo.

Essa intolerância faz com que ele não reconheça que precisa de ajuda e que se irrite com frequência quando o assunto é trazido a tona.

Agressividade

Quando você precisa de algo e sente como se aquilo fosse necessário para sua sobrevivência, como comida ou água, seu corpo pede desesperadamente por aquilo. Então seus pensamentos são desconexos, fazendo com que você fique estressado e frustrado. É assim que um dependente se sente, por isso, a agressividade é um dos comportamentos negativos mais frequentes.

Exposição ao risco

A droga funciona como um item importantíssimo para a sobrevivência de um dependente, como beber água e comer funciona para a maioria das pessoas. Por isso, muitas vezes ele não poderá medir as consequências de seus atos, não conseguirá calcular riscos, funcionando como uma obsessão.

COMO LIDAR COM UM DEPENDENTE?

Agora você já sabe que a dependência química não é um desvio de caráter e sim uma doença, no entanto, sabe que a busca pela droga pode trazer comportamentos negativos e sobra a questão: como lidar com um dependente? Nós sabemos que pode ser muito difícil, no entanto, seguem algumas dicas:

Busque entender tudo sobre dependência química, para poder saber o que ele está passando

Converse abertamente a respeito, descubra se ele sabe que precisa de ajuda e se ofereça

Observe comportamentos. Quando as drogas passam a ser uma parte importante demais em sua vida e seus comportamentos são prejudiciais para ele ou para as pessoas ao redor, chega a hora de tomar medidas mais drásticas.

A dica mais importante é que você nunca deve abandoná-lo. Essa pessoa, mesmo que cause raiva e sofrimento, precisa de muita ajuda e se a família não pode ajudar, quem poderá?

NÃO EXISTE CURA, MAS EXISTE TRATAMENTO

Infelizmente, não existe cura para a dependência química, contudo, existe o controle da doença com tratamento. As alterações cerebrais causadas pela droga são, em grande parte, irreversíveis. O cérebro guarda uma espécie de “memória” da droga por toda a vida, por conta disso, mesmo dependentes químicos em tratamento, que já passaram pelo processo de desintoxicação e estão livres de qualquer droga há várias décadas, certamente voltarão ao mesmo padrão de consumo excessivo da substância caso voltem a experimentá-la.

COMO DEVE SER FEITO O TRATAMENTO:

O tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo médico psiquiatra, psicólogo e outros profissionais. O uso de medicação, dependendo de cada caso, pode ser de grande importância, pois ajuda a conter a vontade de usar e a diminuir os sintomas de abstinência.

A internação, tanto voluntária quanto compulsória, é um instrumento de incomensurável importância em casos selecionados. Ficar longe do contato com as drogas no período inicial do tratamento e passar pela desintoxicação é algo fundamental para um tratamento bem-sucedido.

Além de internação, medicamentos e demais recursos utilizados pela equipe multidisciplinar, o apoio familiar é fundamental no processo de tratamento. A família precisa se envolver e incentivar o adicto na busca por sua salvação.

Por conta disso, antes de mais nada, os familiares precisam entender que a dependência química é uma doença e não um desvio moral. Ao mesmo tempo, junto a esse apoio, precisa haver uma postura firme dos familiares para não permitir que o paciente os manipule. É um equilíbrio difícil de ser atingido e um desafio, principalmente para os pais ou cônjuge.

Além do apoio, a família também é essencial para a aplicação do melhor método de tratamento, que deve ser individualizado para cada caso específico. A recuperação de um dependente químico, no caso de internação por abuso de substâncias químicas está ligado a história de vida do adicto, quanto mais embasamento do histórico do paciente referente a família, criação, cultura e outros, haverá maiores condições de diagnosticar a causa da dependência das drogas do paciente e promover a sua recuperação.

Nós da CASA DESPERTAR estamos de braços abertos para esclarecer todas as suas dúvidas, seja você adicto ou familiar. E se você preferir, também pode entrar em contato com nossa equipe pelos telefones: (85) 3260-9074 / 98865-2500.

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3 respostas para “Dependência Química: Doença ou desvio de caráter?”

  1. Avatar DIEGO disse:

    VOU FALAR EM CAIXA ALTA. REFUTO TOTALMENTE ESSA DEFINIÇÃO DE QUE A DEPENDÊNCIA QUÍMICA NÃO TEM CURA. ESTOU HÁ QUATRO ANOS LIVRE E NÃO SINTO VONTADE ALGUMA DE USAR.
    ESSA “ESTÓRIA” DE QUE VOLTAR A EXPERIMENTAR PODE LEVAR A DECADÊNCIA NOVAMENTE É OBVIO. SE VOLTAR A EXPERIMENTAR É SINAL QUE NÃO ESTÁ CURADO.

    PASSEI POR MUITAS RECAÍDAS. MAS TODOS PODEM CONSEGUIR.É SÓ DECIDIR PARAR DE PERDER PARA A DROGA.

  2. Avatar Solange Oliveira dos Santos disse:

    Que DEUS abençoe este projeto gostei muito e me ajudou bastante obrigada

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  • Avatar DIEGO disse:

    VOU FALAR EM CAIXA ALTA. REFUTO TOTALMENTE ESSA DEFINIÇÃO DE QUE A DEPENDÊNCIA QUÍMICA NÃO TEM CURA. ESTOU HÁ QUATRO ANOS LIVRE E NÃO SINTO VONTADE ALGUMA DE USAR.
    ESSA “ESTÓRIA” DE QUE VOLTAR A EXPERIMENTAR PODE LEVAR A DECADÊNCIA NOVAMENTE É OBVIO. SE VOLTAR A EXPERIMENTAR É SINAL QUE NÃO ESTÁ CURADO.

    PASSEI POR MUITAS RECAÍDAS. MAS TODOS PODEM CONSEGUIR.É SÓ DECIDIR PARAR DE PERDER PARA A DROGA.

  • Avatar Solange Oliveira dos Santos disse:

    Que DEUS abençoe este projeto gostei muito e me ajudou bastante obrigada

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