Agosto lilás: abuso de álcool e a violência contra a mulher, como ajudar?

por Tauama de Moraes
CRP 11 - 07100

O agosto lilás é um período escolhido para abordar as questões que envolvem a violência contra a mulher, que, infelizmente, ainda acontece em grande número em nossa sociedade.  É comum que as histórias de violência doméstica tenham o álcool como um gatilho, por isso, vamos falar sobre porque essa relação é mais estreita do que imaginamos. Veja aqui a relação entre o abuso de álcool e a violência contra a mulher.

Violência contra a mulher

Antes de qualquer coisa, precisamos entender que a violência contra a mulher se trata de um problema de saúde pública global.

Embora seja muito recorrente, poucos estudos tratam especificamente desses casos. No ano de 2018, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – 180, recebeu mais de 92 mil ligações no Brasil.

Além disso, em dezembro, do mesmo ano, 391 mulheres foram agredidas por dia, além do registro de 974 tentativas de feminicídio (assassinato de mulheres em um contexto de aversão ao gênero ou de violência doméstica), mostrando aumento de 78% em comparação com o ano anterior.

Esses são os dados registrados, mas imagine quantas mulheres sofrem caladas sem contar a família ou as autoridades?

A facilidade no consumo de álcool pode ser um agravante

O álcool é a droga lícita mais consumida no Brasil, além disso, é facilmente encontrada, desde bares a supermercados e em diversas versões, com preços, marcas e sabores variados. Como se não fosse suficiente, o consumo é amplamente estimulado.

Não é incomum que as pessoas recorram a ele em momentos difíceis, para aliviar alguns sentimentos, como raiva, tristeza, angústia e descontrole emocional em geral.

Além disso, uma das principais motivações para o consumo de álcool é a desinibição. Por isso que muitas pessoas consomem para se tornarem mais confiantes, animados e até menos tímidos. Afinal, apenas 0,03 e 0,12g de álcool a cada 100ml de sangue já é o suficiente para causar isso, segundo o CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool).

Por causa desse apelo social, muitas pessoas recorrem a ele sem se dar conta do perigo, que é quando inicia o uso exagerado e frequente da substância.

O mesmo fator que leva a essa desinibição, pode levar ao descontrole das ações, acarretando violência contra a companheira.

 O que leva um homem a ser violento contra a mulher?

Uma pesquisa feita pelo Instituto Avon, no ano de 2014, em conjunto com o Data Popular, concluiu que a cada 5 mulheres, 3 já sofreram violência desse tipo.

Existem diversas questões implicadas na cultura de violência contra a mulher, no entanto, as principais são a misoginia e o machismo.

Enquanto a misoginia é a aversão/ódio as mulheres, o machismo é a virilidade agressiva, que envolve toda uma estrutura social que favorece aos homens.

O machismo ainda é o principal preconceito praticado em nosso país, acima do racismo e da homofobia, segundo pesquisa do Instituto Ibope de Inteligência. Segundo pesquisas, ele é a base do feminicídio e da violência contra a mulher.

Por isso que a maioria dos casos ocorre quando a mulher toma alguma atitude, indo contra a autoridade do homem.

A relação entre álcool e violência contra a mulher

Uma pesquisa feita nos EUA pelo National Institute on Drug Abuse, trouxe à tona que 26 mil mulheres tiveram o álcool como um fator contribuinte para sua morte.

Apesar de não termos esse tipo de dado em nosso país em relação à causa de morte, a pesquisa II LENAD, mostrou que 50% dos 3,4 milhões de registros sobre violência doméstica, tiveram relação com o uso abusivo do álcool.

O que podemos fazer para ajudar uma mulher que sofre violência?

Converse

O ideal é não falar abertamente sobre a situação, pois pode ser desconfortável, além de ela poder estar emocionalmente muito envolvida e sem perceber, ou mesmo, se culpando pela situação.

Quando não há um risco maior, de acordo com a sua percepção de que nada grave deve acontecer, por hora, a melhor coisa a fazer é conversar a respeito. Fale sobre como funciona um relacionamento abusivo, converse sobre casos que tiveram um desfecho ruim e mostre como um relacionamento saudável pode funcionar.

Assim, provoca uma reflexão e fica mais próxima da pessoa.

Lembrando sempre de ficar em alerta para evitar qualquer situação mais grave que possa acontecer.

Não a julgue

É muito comum nesse tipo de cenário julgarmos a pessoa como fraca, mas não faça isso, pois  não se sabe o que passa em sua cabeça ou qual a condição emocional e mental.

Além de não julgar a vítima, jamais coloque algum tipo de culpa nela pelo ocorrido. O sentimento de culpa pode fazê-la sozinha aceitar a atitude, mas com o reforço externo pode ser ainda mais prejudicial.

Atenção as situações graves

A violência contra a mulher pode chegar a situações sem outra ação a não ser intervir. E você pode e deve denunciar em casos de agressão física ou possibilidade de feminicídio iminente.

Nesses casos, a melhor coisa a fazer é chamar a polícia, para evitar que algo de grave aconteça. Mesmo que não haja uma investigação mais profunda, o agressor sentirá medo e perceberá que ela não está sozinha. 

Indicar tratamento para o alcoolista

Como o uso e abuso de álcool é um agravante para a violência contra a mulher, trabalhar isso no agressor é uma solução.

Converse com a vítima sobre falar a respeito com o parceiro, quando ele não estiver alcoolizado e indique uma reabilitação para o controle, pois durante o tratamento a equipe o faz ter consciência dos seus atos e incentiva a melhorar.

Aqui na Casa Despertar tratamos alcoolistas com uma equipe multidisciplinar de profissionais, fale com a gente para saber mais.

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